domingo, 8 de agosto de 2010

A resenha de um leitor



É com o sorriso de orelha a orelha que posto uma resenha do livro feita pelo Victor Brum:


Muito longe de ser apenas mais um romance vampiro – e nisso se deu minha vontade de lê-lo pela proposta e pelo teaser divulgados –, “O Silêncio das Mariposas” tenta atrair o leitor pela abordagem das questões psicológicas, terrores e ansiedades no interior de uma personagem sem identificação por nome ou sexo. E de fato consegue.
São só registros. Relatos, ricos em detalhes, das experiências vividas por um alguém que desde a infância é acompanhado pelos desejos característicos de cada fase da vida e contrastado com a obrigação de se encaixar em rótulos sociais.

Com a intensa vontade de ir além do que se vê estampado nos rostos do grande Masquerade coletivo e motivado pelo sossego interior que almejava, esse indivíduo, que após encontrar uma face livre dos teatros da humanidade num vampiro e passar a viver num cenário de resquícios de vida em morte, agora experimenta as oportunidades de se libertar das cadeias de incerteza, medo e dor tentando dar silêncio à agitação de suas mariposas. Mariposas agitadiças que, na narrativa, são o retrato de um intrapessoal turbulento que havia sido comprimido numa máscara de adequação a visão alheia durante todo o tempo.

Nas reflexões sobre os limites entre o frívolo e o virtuoso – e é nesse ponto inteligente que se dá o auge dessa obra -, de forma envolvente, o leitor é levado a examinar as relações onde personalidades são abafadas e diferenças sempre reprimidas pelo julgamento da sociedade que se alimenta de um silêncio falso expressado por cada um do coletivo. Pseudo-silêncio resultado dos padrões impostos que acabam por abafar a existência do individual. É interessante a mescla da busca por nomes como respostas aos questionamentos resultados do conflito psicológico junto com a indução a refletir sobre a decadência da humanidade na falta de transparência e lisura. Diferencial que fez o livro ir além de ser só mais uma obra de romance.

A ausência de nome e sexo da personagem principal – talvez um possível convite à auto-identificação por parte do leitor em alguns momentos da narrativa - pode causar certa sombra de confusão em alguns pontos da leitura, mas pela brevidade dessa estranheza, se acaba por provocar ainda mais a curiosidade devido as sacadas na dosagem certa do mistério que é constante.

O jogo de detalhes nas descrições dos desejos, dos cenários e do estado de espírito das personagens é fora de série. Apesar de confessar que, por algumas vezes durante a leitura, me questionei sobre a necessidade de tanta minúcia em certas partes, devo admitir que também foi nessa intimidade com os detalhes que eu me peguei envolvido do começo ao desfecho. É um livro que surpreende os que seguem com certa resistência a respeito de romances vampiros devido à quantidade incontável de boas produções atuais que invadem a literatura.

Um comentário:

  1. Salve, mon vieux! Fico feliz com a postagem da resenha. Boa sorte com o livro e o talento que é espantoso!

    ResponderExcluir