quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Livro O Silêncio das Mariposas traz drama psicológico, com sangue, sensualidade e vampiros

Vampiros, sangue, sensualidade. Três palavras que se misturam no livro O Silêncio das Mariposas, de Juliano Schiavo (Editora Multifoco, 214 páginas). Para quem gosta de histórias de vampiros, mescladas com ponderações sobre a “vida em morte”, O Silêncio das Mariposas surge no cenário para confundir e, ao mesmo tempo, envolver o leitor. Não há uma grande história. Há apenas relatos. Relatos de uma vida vampira.

Escrito entre janeiro e julho de 2.009, o livro traz em suas páginas uma personagem sem nome e sem sexo, que revela o sofrimento e os prazeres de sua vida em morte. Transformada em vampiro, seus instintos e sensações se aguçam. Os relatos, que parecem ter sido sussurrados, oferecem ao leitor um retrospecto da infância da personagem até o desfecho de sua história.

“Trata-se de uma pessoa que não consegue amar ninguém e apresenta traços de sociopatia. Conquista a todos com seu sorriso, mas não se suporta mais. A vida, para ela, tornou-se um Baile de Máscaras, sendo necessário representar o tempo todo”, explica o autor.

De acordo com Schiavo, o título do livro O Silêncio das Mariposas é uma metáfora. As mariposas representam a ansiedade, pois vivem a se debater no estômago da personagem. Já o silêncio é o que tanto ela almeja: uma busca pelo fim de seu sofrimento tão latente.

“Nos relatos da personagem, há momentos de euforia e outros de depressão. Uma bipolaridade não tão acentuada, mas presente, que molda sua personalidade. A trama tem um tom psicológico, de conflito mental, envolvendo drama, aventura, medo, angústia, prazer, sensualidade e reflexão. E é a partir da transformação vampira que todos esses pontos se unem e fazem com que a personagem, sem nome e sem sexo, relate sua vida e destaque seus sabores e dissabores”.

A inspiração para a história veio de alguns livros. “O que mais me motivou a escrever foi O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger, com seu Holden Caufield – um adolescente em busca de seu eu. Também não posso deixar de destacar o livro O Perfume, de Patrick Süskind, com seu Jean-Baptiste Grenouille, de personalidade sociopática. Para a criação das personagens vampiras, me inspirei em Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, com seu vampiro de Louis Pointe du Lac, que tem característica introspectiva”.

O autor - Juliano Schiavo nasceu em Americana – SP no dia 22 de julho de 1987. É formado em jornalismo e atualmente cursa pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo na Unimep - Piracicaba e graduação em Ciências Biológicas na UFSCar - Araras. Trabalha com assessoria de comunicação. É autor dos livros Sociedade do Lixo (livro-reportagem sobre lixo) http://verd.in/0ic e Consternado (literatura adulta) http://verd.in/cw9, ambos disponíveis para download

Como adquirir?
Para os interessados em adquirir a obra, com desconto e dedicatória, pode-se entrar em contato com o autor pelo e-mail jssjuliano@yahoo.com.br

Blog de divulgação
http://www.osilenciodasmariposas.blogspot.com/

Book trailer
http://verd.in/lqd

Resenhas feitas por leitores
Janine Stecanella – Caixias do Sul – RS http://verd.in/kyp
Vinícius Correia Vilela - São Paulo - SP http://verd.in/wxr
Victor Brum – Niterói – RJ http://verd.in/yre
Jota Marques – Americana – SP http://verd.in/gl5
Marcinhow e os livros - SP - http://verd.in/3ai

Trechos do livro:
Páginas 162-166 http://verd.in/1kz
Páginas 167-169 http://verd.in/j27
Página 87 http://verd.in/5jw
Página 170 http://verd.in/nxs

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

10 livros de 2010 por Janine Stecanella




O Livro O Silêncio das Mariposas figura numa lista dos 10 livros que a Janine Stecanella mais gostou no ano de 2010. É um verdadeiro orgulho saber que o livro agradou.


Retirado do blog da Janine Stecanella:

10 livros de 2010 Olá guris e gurias, tudo bem?


Sei que falta uma semana para o fim do ano, mas já vou postar minha lista dos 10 livros que gostei de 2010. São livros de vários estilos diferentes lidos ao longo desse ano. Espero que gostem e quem quiser, faça a sua lista e depois mande o link aqui nos comentários.
^-^


1. A Revolução do Bichos
2. O Hobbit
3. Fade
4. Sussurro
5. Doidas e Santas
6. O silêncio das Mariposas
7. O Restaurante no fim do Universo
8. Percy Jackson e os Olimpianos - O Ladrão de Raios
9. Diários do Vampiro - A Fúria
10. Identidade

Do blog Marcinhow e os Livros


O Silêncio das Mariposas.
De: Juliano Schiavo
Editora: Anthology
215 Paginas.


Sinopse: O livro traz em suas páginas uma personagem sem nome e sem sexo, que revela o sofrimento e os prazeres de sua vida em morte. Transformada em vampiro, seus instintos e sensações se aguçam. Os relatos, que parecem ter sido sussurrados, oferecem ao leitor um retrospecto da infância da personagem até o desfecho de sua história.


“?” Como já foi dito na sinopse, é um ser sem nome e sem sexo, que desde criança, apresenta uma personalidade um tanto diferente... Na adolescência “?” se descobre Narciso, ? é totalmente apaixonado por ? mesmo... E como se tudo isso já não fosse muito, ? se transforma em um vampiro.


Sem duvida nenhuma, essa é uma das resenhas mais difíceis que eu já fiz, pois eu não sei se gostei ou não, muito menos se entendi ou não... O Livro não é difícil, mas não deixa de ser complexo, além de estar recheado de conflitos internos.
O que mais me prendeu no livro foi a minha ânsia em saber se o personagem era homem ou mulher, e nesse ponto o autor está de parabéns, pois ele brinca com a nossa mente, hora soltando informações que dá a entender que se trata de uma mulher, e hora dando indícios de que se trata de um homem.


Se você gosta de livros que contenha conflitos psicológicos e vampiros do estilo clássico, que dormem em caixões e que se queimam com a luz do sol, esse livro é para você.

Retirado do: Blog Marcinhow e os livros

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Resenha - Blog da Janine Stecanella




Apenas o silêncio das mariposas pode ser alcançado – mesmo que cause dor e desconforto. E tudo por causa de um beijo, um beijo vampiro, num baile de máscaras, numa noite em que a lua cheia banhava o céu com uma cor prateada. E, neste turbilhão de sensações e metáforas, eis que o drama se inicia e se desenrola numa teia tecida por relatos de uma face sem sexo e sem nome, apenas com uma cicatriz.

Antes de falar sobre o livro, preciso deixar claro que ele não tem nada de parecido com essa nova “versão” de vampiros!

O silêncio das Mariposas está entre os melhores livros que li esse ano. E existem várias razões para isso. A primeira delas é que os dois personagens principais não tem nome e nem sexo. E isso não foi motivo de estranheza, pelo contrário, o que mais conta no livro é a personalidade deles, que fica muito bem definida ao longo do texto.


A segunda razão é a densidade da história. O autor Juliano Schiavo realmente me surpreendeu com a maturidade do livro, coisa que não é comum em autores jovens. O terceiro ponto são as metáforas. O título é a principal e mais importante metáfora do livro que fica totalmente esclarecida na última página.


E posso destacar aqui o quarto ponto, onde o personagem principal, que ao longo de toda a história, conserva uma frieza em relação a tudo e todos, termina como devia terminar. E não quero dizer que o fim é previsível, quero dizer que ele sempre soube o caminho que escolhera e por mais que tentasse retardar as conseqüências, uma hora, elas chegariam. E chegaram!


E por fim [só nesta resenha] o quinto e essencial ponto: esse livro é um conjunto de sentimentos e metáforas que é IMPOSSÍVEL ficar indiferente à mensagem. E as mariposas, também me acompanham desde criança. Pelo motivo inverso ao do livro, mas o sentimento, o mesmo! É uma obra de ficção com uma dose surreal de realidade.


Como esse livro tem muitos trechos interessantes, vou postar alguns aqui. E depois, espero que todos tenham a oportunidade de ler. Por isso comentem bastante que eu choro pro Juliano fazer uma promoção com o blog!


Senti meu mundo diminuído, pequeno, estranho. Havia recebido um grande golpe por causa de um questionamento que mais tarde eu (talvez) entenderia: por que as pessoas falam que a sinceridade é a coisa mais bonita, mas nos ensinam que às vezes é necessário usar da falsidade, da hipocrisia e se esconder em inverdades, sempre agradecendo com um sorriso?
Página 10


Jornalismo é um ofício invasivo, que cutuca as feridas, penetra aos poucos pela derme e, finalmente, vaga pela corrente sanguínea de suas vítimas. Quando chega ao coração, integra-se ao palpitar. Fica alojado ali, como um verme, esperando ansiosamente por mais informações para se nutrir.
Página 24


- É a mesma sensação de adolescência para a vida adulta. Uma dúvida. Muitas dores. Nunca sabemos o que somos. São as ações que nos definem aos olhares alheios. E são os desejos ocultos que nos definem para nós mesmos.
Página 44

O prazer, sempre. A dor, às vezes. O questionar da vida, jamais.
Página 137



O silêncio das Mariposas
Autor: Juliano Schiavo
Editora: Anthology [Multifoco]
Edição: 2010
Retirado do blog: Janine Stecanella



sábado, 11 de dezembro de 2010

Repercussão do livro

Abaixo, uma listagem de locais onde o livro O Silêncio das Mariposas foi mencionado. O livro tem chamado atenção de diversos meios de comunicação. Um verdadeiro orgulho.


O Silêncio das Mariposas ganha moção de aplausos http://verd.in/ec3

Jornais e Revistas
Jornal O Liberal – Americana – SP http://verd.in/ugq http://verd.in/rbh
Jornal Tribuna Piracicabana - http://verd.in/1kl
Catálogo da Revista Fantástica http://verd.in/k0e
Correio do Povo - O portal de notícias dos gaúchos http://verd.in/5ve
Isca – Em Foco na Web http://verd.in/nbn
Revista Fantástica - Agosto http://verd.in/xlw
UNIMEP Jornal http://verd.in/ijp

Sites
Estronho http://verd.in/l2g
Infernoticias http://verd.in/rwp http://verd.in/chv
Isca Faculdades http://verd.in/483
Novo Momento http://verd.in/ndv
Prefeitura de Araras http://verd.in/4hb
Universia Brasil http://verd.in/3cs
UNIMEP http://verd.in/nis
UFSCar http://verd.in/ekf
São Carlos em Rede http://verd.in/frb
Site Brasil Fashion News http://verd.in/zty
Sombrias Escrituras http://verd.in/eth

Blogs
Blog da Vampira http://verd.in/o9g
Café de Ontem http://verd.in/mao
Catacréstico http://verd.in/k91
Contos Grotescos http://verd.in/f82
Leituras e Fofuras http://verd.in/y7l
Listas Literárias http://verd.in/mgw
Literária 15, de Luís Delgado http://verd.in/z4y
Litteratus http://verd.in/8co
Marcinhow e os Livros http://verd.in/w28
Mensagens do Hiperespaço http://verd.in/0eq
Meu Mundo em Suas Mãos http://verd.in/fyk
O Casarão e Literatura Diversa http://verd.in/uki
Toca do Jota http://verd.in/d9u

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

p-154

Confesso que meu coração estava acelerado e sentia pequenas mariposas cinzentas se debatendo em meu estômago – afinal, aquilo era uma experiência diferente, já que revelaria minha verdadeira face. Suspirei, tomei fôlego e tentei amainar as mariposas, pensando em como me portar. Não havia alternativa: a ansiedade já me consumia com seu debater de asas cinzentas e irrequietas. A cada passo dado, meu coração se acelerava e podia sentir pequenos fragmentos de transpiração. Aproximei-me do vulto e o encarei. A primeira coisa que reparei foi o sorriso sereno, na boca murcha, carcomida pelo tempo. Os dentes à mostra, o olhar fechado e cansado, as maçãs do rosto já decaídas pelo envelhecer, carregavam uma sensação de fragilidade. Passeei os olhos pelo rosto senil. A pele, sem a exuberância da juventude, trazia marcas de sol e rugas, que formavam vincos profundos. Sorri. E o rosto me recebeu com uma serenidade reconfortante. Reparei nos cabelos brancos, finos, ralos, feito uma penugem na cabeça pequena, mas bem esculpida. As orelhas e o nariz, já grandes pela idade, completavam a face senil. Desci os olhos pelo pescoço e reparei na pequena papada. Mais abaixo, com o tronco recoberto por uma camisa de algodão rosada, vi se projetarem dois finos braços, com veias azuis saltadas e pulsantes. Os braços se abriram, as mãos de dedos finos e tortos se direcionaram a mim. Com a voz mais doce de uma senhora, disse:
— Entre, Lúcio me falou de você – e me abraçou.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Direto do Blog Listas Literárias




5 novos talentos da literatura brasileira que você ainda irá ouvir falar muito deles

Carolina Munhóz, Andrés Carreiro Fumega, Georgette Silen, Douglas MCT e Juliano Schiavo são mencionados no blog Listas Literárias.

sábado, 2 de outubro de 2010

Na Revista Fantástica

É com grande honra que informo. O Silêncio das Mariposas está nas páginas da Revista Fantástica, uma publicação voltada à literatura fantástica. Um verdadeiro orgulho!



Acesse e veja: Revista FANTÁSTICA 3ª Edição

Atualizando

Esqueci de postar.

O Silêncio das Mariposas saiu na capa da Tribuna Piracicabana em agosto.
Segue print:

sábado, 18 de setembro de 2010

O Silêncio das Mariposas ganha Moção de Aplausos

O livro "O Silêncio das Mariposas" ganhou Moção de Aplausos 868/2010 dos vereadores de Americana - SP, Divina Bertália e Marco Antonio Alves Jorge - Kim, ambos do PDT. A moção foi também subscrita pelo vereador Duzzi (PSDB). A propositura dá destaque ao trabalho desenvolvido pelo autor.







domingo, 12 de setembro de 2010

Entrevista ao Literária 15


Entrevista que concedi ao blog Literária 15 de Luís Delgado
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domingo, 12 de setembro de 2010
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Hoje no Literária 15 recebo meu grande amigo Juliano Schiavo. Um escritor de formação Jornalística que está em sua terceira obra, um livro construído com uma narrativa hipnotizadora, capaz de prender a atenção do leitor do início ao fim.

Juliano vem para mostrar o imenso talento dos escritores nacionais quanto o assunto é vampirismo. Com um personagem singular, ornado de uma mentalidade complexa, influenciado por obras literárias que marcaram a história da literatura, nos leva a uma trama onde as palavras encatam e a trama fala como que de nós mesmos imersos em uma realidade fantástica.

O Silêncio das Mariposas é uma obra profunda, um livro altamente recomendado, tanto para quem curte o gênero, quanto para quem ainda não se aventurou nessa área.

Uma obra de arte que revela um autor talentoso, sensível ao mundo a sua volta, observador do comportamento humano. Não é mais um livro sobre vampiros, é uma história diferente, onde a linearidade é inteligentemente arquitetada, onde o narrador consegue empolgar acima do bem e do mal, um clássico do vampirismo, uma prova de que a Literatura Brasileira dos nossos tempos é um gigante, que tem muito a oferecer. É conhecimento, reflexão e ao mesmo tempo entretenimento.

Leia mais!

sábado, 11 de setembro de 2010

Vampiros voltam com estilo humanizado

Reportagem produzida pelas alunas de jornalismo da Unimep:
Flávia Ribeiro-4ºsemestre(flavinhadiasribeiro@hotmail.com)
Vanessa Carvalho-4ºsemestre (nessa18carvalho@hotmail.com)


Para conferir a página oficial, acesse: Unimep Jornal


Tudo começou com Conde Drácula, que iniciou a “ordem vampiresca” com o livro “Drácula”, de Bram Stoker. Logo após surgiram outros livros e filmes sobre o tema, como “Anjos da Noite”, “Blade”, “Entrevista com o Vampiro”, “Van Helsing”, “True Blood”, etc. Porém, com o passar dos anos, os vampiros caíram no esquecimento. Eventualmente, um livro, um seriado ou até um filme são lançados, porém já sem fazer o mesmo sucesso de antes.

Com o surgimento da Saga Crepúsculo, The Vampire Diares e Split os “vampiromaniacos” voltaram com toda força, lotaram cinemas, shoppings, livrarias e o tema mais procurado voltou a ser os “bebedores de sangue”.

Os vampiros foram inspiração para o aluno Juliano Schiavo, de Jornalismo Contemporâneo da Unimep, que recentemente lançou o livro O Silêncio das Mariposas. Segundo ele, “a inspiração para a história veio de alguns livros. O que mais me motivou a escrever foi o livro O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger, com seu Holden Caufield, um adolescente em busca de seu ‘eu’. Também não posso deixar de destacar o livro O Perfume, de Patrick Süskind, com seu
Jean-Baptiste Grenouille, de personalidade sociopática”.

Os vampiros foram assuntos de muitos livros, debates e filmes na época da sua criação, e era provável que cedo ou tarde eles voltariam a ser foco.

O autor afirmou que vampiros sempre estiveram no imaginário popular, por estarem ligados a questões como morte e sensualidade. “Sempre gostei do tema, porém esse é meu primeiro trabalho de literatura sobre vampiros. Em especial tenho predileção por Anne Rice e seus vampiros, que são demasiadamente humanos”.

Existe um público cativo, que gosta do tema, como a aluna do 8º semestre de jornalismo, Vanessa Abddallah Haas, fascinada pela saga “Crepúsculo”. Vanessa afirma que a autora aborda o tema de forma interessante, colocando o vampiro com um ser humano, alguém que anda entre a gente. “O que cativa o publico é que não é aquela historia de vampiros que explodem ao sol, com alho, estacas e crucifixo. Eles se relacionam com pessoas, com colegas de escola, se enturmam, não vivem isolados”. Essa nova geração traz vampiros mais humanizados. “Ele é como um ser humano normal, não sente vontade de sangue humano, se alimenta de animais” continua Vanessa.


A imortalidade, a beleza, a sensualidade, entre outras, tocam em questões profundas da natureza humana, e essa é uma forma de conquistar o público. Despertam nas pessoas diversos instintos, dando asas à imaginação.
O tema Vampiros está voltando com toda força, tanto nas telonas como nos livros, criando uma nova identidade para eles. As novas formas que o assunto vem sendo apresentado mostram uma nova visão desses seres mitológicos, conquistando cada vez mais o interesse e o respeito de todos, tirando aquela visão de assassinos do imaginário popular.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O livro

Livro O Silêncio das Mariposas traz drama psicológico, com sangue, sensualidade e vampiros

“Não sei o que sou, nem mesmo o que me tornei. Também não entendo os motivos que me fizeram chegar aqui onde estou”. Com esta frase se inicia o livro O Silêncio das Mariposas, de Juliano Schiavo (Ed. Multifoco, 214 páginas) que traz as revelações introspectivas de uma personagem vampira sem nome e sem gênero.

O livro traz relatos de uma personagem que, transformada em vampira, faz uma retrospectiva de sua vida. “Ela busca tentar entender suas ações. É um drama psicológico, que tem como pano de fundo o vampirismo. É a partir da transformação que a personagem deixa suas máscaras caírem e começa a questionar sobre seus passos”, explica Schiavo.

De acordo com o autor, a concepção dos vampiros foi baseada na escritora norte-americana Anne Rice. “Os vampiros dela, tal como os meus, não saem à luz do sol, dormem em caixões e são destituídos de gênero. Ao se transformarem em vampiros, o que os fascina não é a sexualidade, mas pequenas nuances de suas vitimas, como beleza, inteligência, poder, juventude, entre outros”.

Para os interessados em adquirir a obra – com desconto de 40% sobre preço de capa – pode-se entrar em contato com o autor pelo e-mail jssjuliano@yahoo.com.br ou pelo blog de divulgação do livro www.osilenciodasmariposas.blogspot.com

O autor - Juliano Schiavo nasceu em Americana – SP no dia 22 de julho de 1987. É formado em jornalismo e atualmente cursa pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo na Unimep - Piracicaba e graduação em Ciências Biológicas na UFSCar - Araras. Trabalha com assessoria de comunicação. É autor dos livros Sociedade do Lixo (livro-reportagem sobre lixo) http://twixar.com/HKi e Consternado (literatura adulta) http://twixar.com/gET, ambos disponíveis para download

Quem já leu, aprovou. Veja as resenhas:

Vinícius Correia Vilela - São Paulo - SP
Victor Brum – Niterói - RJ
Jota Marques – Americana – SP


Trechos do livro
P 167-169
P.87
P.170
P.162-166
P.37-39

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Resenha por leitor

Mais uma super resenha do livro, feita pelo Vinicius . Confira:


“O Silêncio das Mariposas”, um título enigmático para um conto introspectivo. Quando li a proposta do livro logo me interessei para saber como a história ia ser desenvolvida em um cenário vampiresco, já que hoje em dia essa temática está em evidência e estão saindo mais e mais volumes com a mesma abordagem, se utilizando dos mesmos clichês. Isso é algo que não pode ser dito da obra.
O autor desenvolveu sua narrativa de um modo curioso, em nenhum momento sabemos informações como sexo, lugar de origem e qualquer outro detalhe do personagem principal que muitos julgariam serem cruciais, porém, isso deixou a obra como um convite à nos colocarmos no lugar desse personagem, sem barreiras de questões sociais, credos, ou raças, sendo essas questões abordadas no livro.
Interessante o modo como o conto começa em um episódio na infância do personagem, onde dali seria desenvolvida toda a abordagem de fatos sociais aplicados tanto na história, como em nosso cotidiano no nosso “mundo real”. Desde sua infância o protagonista vive o dilema que muitos de nós vivemos entre a sinceridade e a boa educação, vendo-se obrigado a moldar suas máscaras para se adequar à vida em sociedade.
Quando pensa que encontrou seu lugar em um mundo de indiferença (embora ainda tenha problemas para aceitar sua nova condição de “vida”), se vê obrigado a mais umas vez ter que se fantasiar de máscaras e a interpretar o teatro da vida para sobreviver em sua vida em morte e lidar com seus conflitos interiores. Em suas vítimas procura mais que somente o jorrar de seus sangues, mas sim sentimentos e características que não sentira quando era humano.
Juliano provou que domina a perícia em descrever os desejos e as sensações mais distintas de um ser humano, ou vampiro, dando um choque de realidade às emoções descritas pelo personagem, algo que geralmente se vê (ou passa pelas edições) em livros hoje em dia. Problemas de edição podem ser vistos para pessoas que entendem do assunto, mas particularmente para mim só sobrou o grande senso de boa literatura que atravessou possíveis barreiras de erros e espero que possamos aproveitar mais das histórias desse grande escritor em ascensão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Coluna Litteratus do Cristiano Rosa

Conheça e participe do ´Livro Livre´


Na semana passada recebi um livro muito bacana do meu amigo escritor paulista Juliano Schiavo, chamado O Silêncio das Mariposas. A obra, de sua autoria, foi lançada esse ano pela Ed. Multifoco. Porém, ele não era de presente para mim. Pelo menos era o que falava um selo que o autor havia colado logo na primeira página após a capa. O selo era esse: Leia mais

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Trecho 167-169


Quando abri meus olhos na noite seguinte, preenchi meus pulmões de ar e saí de minha urna funerária, meu corpo estava tomado de um vazio. Procurei por Lúcio, mas não o encontrei. Deprê, com certeza, estava na casa da irmã do Vampiro. Na casa, era só eu e mais ninguém. Cambaleante, segui até o chuveiro. Meu corpo me dava asco, ânsia, uma vontade imensa de vomitar todas minhas entranhas e me limpar do sangue alheio. Se na noite anterior tudo aquilo me excitava, agora eu remoia meus pensamentos e me indagava se toda essa ilusão de vida em morte valia realmente a pena. Despi-me. Encarei minha face corada, minha cicatriz saltada, meus olhos castanhos enevoados, meus lábios rosados, minha tez branca e sem máculas, meu pescoço macio, meus ombros delineados, meus braços finos e definidos. Desci os olhares por meu tronco, admirei minha barriga, meus pelos pubianos, minhas coxas tensas, meus pés pequenos, meus dedos frágeis. No espelho, meu reflexo me atordoava. Abri o chuveiro, fechei os olhos e deixei a água quente escorrer em rodopios por meu corpo, enquanto minhas mãos, com espuma, passeavam por toda minha extensão corporal. Massageava-me, procurava meus pontos de prazer. O silêncio cedia lugar aos respingos das águas. Cai de joelhos e comecei a chorar com a voz emudecida. Minhas lágrimas se mesclavam com as águas quentes que caiam do chuveiro. Pensei em Muriel, na vida de Muriel. Pensei na vida da mulher de cabelos encarapinhados e dentes tortos. Pensei na vida da criança vinda ao mundo por minhas mãos. Solucei, mordi meus lábios, apertei-me forte, de forma a tornar-me uma fortaleza introspectiva. Em minha visão brotava os corpos nus, os cheiros, as sensações de trocas de calor entre meu corpo vivo em morte e os corpos vivos em vida. O sofrimento de Muriel, os medos da mulher de cabelos encarapinhados e a ruptura da vida da criança ecoavam por minha cabeça. Por que eu me alimentava de vida? Por que buscava na vida dos outros a tentativa de preencher meus vazios? Solucei novamente e apertei-me com mais força. Meus cabelos molhados encobriam minhas costas e balançavam com o deslizar das águas. O sentimento de vazio novamente tomava conta de mim. As sensações conflituosas se abriam feito uma flor em meu peito e a essência dela emanava por todos meus poros. As mariposas cinzentas surgiam; meu cãozinho negro, triste e cabisbaixo ladrava ao lado, com o rabinho entre as pernas, traduzindo-se na mais pura melancolia; o baile de máscaras da sociedade ressurgia dentro de meu ser exposto às destemperanças de meus sentimentos conflituosos. A água continuava a correr por meu corpo, rodopiava por minhas sinuosidades e fazia cócegas por meus cabelos loiros e compridos. A água. Sim. A fluidez, o mundo sem formas, a facilidade de adaptação aos meios. A água. Minha vida. Eu era um sentimento líquido, um amor líquido, incapaz de criar laços, raízes. Incapaz de amar alguém com todas as forças. Eu apenas me adaptava, criava laços fluídos de fácil assimilação com o único propósito de tentar me enquadrar ao meio e buscar preencher meu vazio. As pessoas transformavam-se em formas para minha liquidez e eu apenas me adaptava. Meu sorriso, minha incapacidade de mostrar minha face sem máscaras: eu era a água, a fluidez, o sentimento sem formas. E Muriel, dentro de meu corpo, mostrava-me que na bruteza de seu ser, possuía raízes, sendo capaz de criar laços reais entre ele e o mundo que vivia. A mulher de cabelos encarapinhados, gritando em mim, mostrava-me as possibilidades de sentir um amor sólido pelo marido e pelo filho. E a criança, na sua pureza, na sua ruptura entre o conforto da barriga materna e as dores da vida, berrava para fora de meus lábios toda sua sede por viver.
Arregalei meus olhos, gritei, levei meu pulso até os lábios e cravei meus dentes, de forma a abrir um talho. Deitei-me no chão de piso frio. Fechei os olhos. Levantei o braço e o posicionei entre minha barriga e a água que salpicava do chuveiro, permitindo que ela se misturasse com a vida rubra e, assim, escorresse pelo ralo. Minha fluidez de sentimentos se mesclava com a fluidez translúcida. Sentia meu vazio derrapar ligeiro pelo talho aberto, se misturar com a água e, enfim, repousar no lugar de onde jamais deveria ter saído: a escuridão, o silêncio, a ausência de luz, o esgoto. A fraqueza foi tomando conta de mim, até que minha vista embaçou numa multidão de nuvens negras e sem cor. Suspirei uma última vez, gemi um pouco e, num baque, apaguei.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Resenha por Jota Marques

Mais uma resenha super bem elaborada pelo Jota Marques, do blog Toca do Jota

Vampiros sempre estiveram na moda. As vezes estão mais em alta, outras vezes mais em baixa, mas ninguém discute que a produção cultural (jogos, RPG, literatura, cinema, quadrinhos) sobre o tema é vasta. Nesse meio, como recontar o mito do vampiro, diferenciando-se dos outros trabalhos? Em "O Silêncio das Mariposas" Juliano Schiavo arrisca uma nova abordagem.

A trama narrada em primeira pessoa, com fortes influências de "A entrevista com o Vampiro", conta os acontecimentos do protagonista desde sua infância, sua transformação em vampiro, até seus derradeiros momentos. A personagem não tem nome ou gênero sexual. Não sabemos se é um homem ou uma mulher. Essa técnica permite com que as descrições sensuais, quando o vampiro se alimenta, sejam muito bem trabalhadas e desenvolvidas, envolvendo o leitor de forma competente. Pouquíssimas vezes esse mesmo artifício escorrega em alguns momentos mas não prejudica em nada a leitura.

Acompanhamos o desenvolvimento da personagem principal, enquanto segue os passos de seu vampiro Mestre Lúcio. A narrativa centra-se nos conflitos e tormentos psicológicos sofridos pelo protagonista, enquanto delira com sonhos febris onde identifica os seus desejos pela próxima vítima. As mariposas, representam a ansiedade da personagem enquanto se esconde por detrás de mascaras impostas pela sociedade e depois pelas "regras" vampíricas. Um tema recorrente para quem já jogou ou conhece o sistema Storytelling "Vampiro: A máscara."

Juliano Schiavo desenvolve a trama de maneira acertada mas, apesar de dentro da proposta da trama, acaba caindo em uma rotina previsível de acontecimentos. Começa com um sonho, depois o desejo incontrolável quase sexual. A caça e o ataque com descrições sensuais. Os delírios da ressaca, a ajuda de Lúcio e termina por dormir enfraquecido, vindo a despertar em algumas noites. Tudo muito bem descrito e desenvolvido. O ciclo só vem a ser quebrado com o clímax da trama, quando a personagem decide abandonar todas as mascaras e silenciar suas mariposas.

Erros de revisão são bem raros e perdoáveis. Outra coisa que incomoda um pouco é a resistência do autor, nas palavras de sua personagem, em revelar o nome de localidades ou os sobrenomes de outras personagens que surgem na trama. Acredito que o desejo era de criar o clima de relato anônimo, sem causar prejuízo a terceiros, mas na minha opinião isso não tinha necessidade. Talvez um melhor trabalho editorial seria suficiente para acertar e melhorar o que já esta muito bom.

Sendo narrado em primeira pessoa, perdemos a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de outras personagens da trama como Lúcio e sua irmã, e até mesmo o delegado que investiga os ataques do vampiro.

"O Silêncio das Mariposas" foi lançado em 2010 pela editora Multifoco, mostrando que a auto-publicação pode sim nos trazer boas e agradáveis surpresas, e aguardamos por um novo trabalho do autor.

domingo, 8 de agosto de 2010

A resenha de um leitor



É com o sorriso de orelha a orelha que posto uma resenha do livro feita pelo Victor Brum:


Muito longe de ser apenas mais um romance vampiro – e nisso se deu minha vontade de lê-lo pela proposta e pelo teaser divulgados –, “O Silêncio das Mariposas” tenta atrair o leitor pela abordagem das questões psicológicas, terrores e ansiedades no interior de uma personagem sem identificação por nome ou sexo. E de fato consegue.
São só registros. Relatos, ricos em detalhes, das experiências vividas por um alguém que desde a infância é acompanhado pelos desejos característicos de cada fase da vida e contrastado com a obrigação de se encaixar em rótulos sociais.

Com a intensa vontade de ir além do que se vê estampado nos rostos do grande Masquerade coletivo e motivado pelo sossego interior que almejava, esse indivíduo, que após encontrar uma face livre dos teatros da humanidade num vampiro e passar a viver num cenário de resquícios de vida em morte, agora experimenta as oportunidades de se libertar das cadeias de incerteza, medo e dor tentando dar silêncio à agitação de suas mariposas. Mariposas agitadiças que, na narrativa, são o retrato de um intrapessoal turbulento que havia sido comprimido numa máscara de adequação a visão alheia durante todo o tempo.

Nas reflexões sobre os limites entre o frívolo e o virtuoso – e é nesse ponto inteligente que se dá o auge dessa obra -, de forma envolvente, o leitor é levado a examinar as relações onde personalidades são abafadas e diferenças sempre reprimidas pelo julgamento da sociedade que se alimenta de um silêncio falso expressado por cada um do coletivo. Pseudo-silêncio resultado dos padrões impostos que acabam por abafar a existência do individual. É interessante a mescla da busca por nomes como respostas aos questionamentos resultados do conflito psicológico junto com a indução a refletir sobre a decadência da humanidade na falta de transparência e lisura. Diferencial que fez o livro ir além de ser só mais uma obra de romance.

A ausência de nome e sexo da personagem principal – talvez um possível convite à auto-identificação por parte do leitor em alguns momentos da narrativa - pode causar certa sombra de confusão em alguns pontos da leitura, mas pela brevidade dessa estranheza, se acaba por provocar ainda mais a curiosidade devido as sacadas na dosagem certa do mistério que é constante.

O jogo de detalhes nas descrições dos desejos, dos cenários e do estado de espírito das personagens é fora de série. Apesar de confessar que, por algumas vezes durante a leitura, me questionei sobre a necessidade de tanta minúcia em certas partes, devo admitir que também foi nessa intimidade com os detalhes que eu me peguei envolvido do começo ao desfecho. É um livro que surpreende os que seguem com certa resistência a respeito de romances vampiros devido à quantidade incontável de boas produções atuais que invadem a literatura.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Trecho p-87


Quando acordei, deparei com o céu avermelhado. As nuvens, banhadas pelo crepitar das chamas solares desvanecidas, pareciam mares de fogo, que se consumiam até apagar. A profusão de cores cedia lugar a um imenso vazio negro e repleto de pontinhos coloridos. Ao centro, a lua quase cheia tornava-se cada vez mais forte, até imperar totalmente. Era noite e, com ela, os anjos da morte se levantavam para voar. Lúcio não estava em casa e eu vagava pelo corredor vazio. Não tinha mais sede e nem fome e a lua não conseguia mais me afetar, por isso, ainda com o pijama, sai até o jardim e me deitei na grama. Abri os braços, suspirei todo o ar que podia e cerrei os olhos. Coloquei os ouvidos na terra e podia ouvir o rastejar dos vermes, o barulho de pequenos insetos e me divertia com todos os sentidos aguçados. Podia ouvir o rufar de meu coração e o sangue de Sofia e Matheus percorrendo todos os pontos de meu corpo. Eu era eles e podia sentir seus corpos dentro de mim, ardendo, queimando, flamejando em vida. Seus suspiros, seus pensamentos, seus desejos inconfessáveis, seus medos, suas dores, alegrias, ansiedade, tudo se mesclava em mim e, num grande gemido, meu corpo se arqueava de prazer. Solucei e deixei que aquele nó que ficava guardado em minha garganta viesse à tona e se estatelasse em lágrimas. Cada gota que escorria por meu rosto traduzia um sentimento meu, engolido pelos sentimentos de Sofia e Lúcio. Eu era eles e sentia a angústia humana novamente. Uma angústia, como a que sempre senti, mas triplicada por mim, por ela e por ele. E nesse turbilhão de vozes, gritei com todas minhas forças. Um urro de medo, prazer, dor, êxtase, tudo misturado e, que no final, se traduziam num vazio. O vazio da existência.

Uma poesia de Nádia Lopes


É com satisfação que posto aqui uma poesia da jornalista Nádia Lopes, que atualmente faz assessoria de imprensa no campus da UFSCar em Araras. Ele cedeu gentilmente a poesia para nosso deleite. Tem tudo a ver com o conteúdo do livro "O Silêncio das mariposas": vampiros, sangue e sensualidade na medida certa.

Mortes, sem saída

Noite escura
Céu flamejante
Sangue vivo
O pulsar do coração
Pele branca, alva como a neve
Luz opaca
A boca vermelha e carnuda
Que espera para atacar
Os dentes caninos roçam de leve
A pele do pescoço
Macia e cheirosa
E a faz delirar.
Na lua se encontram
Dois corpos úmidos e famintos
Prontos para se devorar.
O corpo chora e
A mente clareia
O punhal na mão,
A morte é inevitável
Fria e insensível
Dura e incontrolável,
Direto no coração.
Uma nova manhã se esquenta e
Se esconde por trás
Das cinzas de
Uma noite voraz
De uma morte sangrenta.

Nádia Lopes - 1998

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Trecho p-170


Caminhei até o chuveiro com o corpo sendo amparado por Lúcio. Tirei a roupa, bebi mais um pouco de sangue que estava na taça e, enfim, banhei-me rapidamente. Vesti uma roupa nova e fui em direção ao cômodo com a mesa de mogno escuro. Encontrei Deprê roendo um osso. Encarei-o com ternura e vi o quanto ele, animal irracional, sentia-se feliz com tão pouco. Não precisava representar. Apenas vivia por seus instintos e seus desejos. Enfim, não precisava das mesmas máscaras que eu usava para viver o baile social. Joguei olhares a Lúcio. O rosto andrógino, os lábios densos, a pele corada pela vida alheia. Sorria para encantar. Passei os olhares por um velho jornal jogado ao lado e observei a coluna social. Casais felizes, sempre sorridentes se expondo ao deleite alheio. Pensei nas semelhanças entre as espécies. Vampiros e humanos são essencialmente parecidos: vivem, acima de tudo, de ilusão. Ludibriam os olhares, usam máscaras e ocultam a verdadeira face. Está aí o mais belo baile da utopia, sem máculas e sem imperfeições, pois a humanidade é uma decadência de si própria. O contraponto da história é que eu, que tanto criticava, rendia-me às leis sociais. O medo da não aceitação sempre foi mais forte, por isso, lavava minhas mãos e entregava-me ao baile de faces sorridentes. Peguei Deprê no colo e o apertei com carinho. O coração dele batia rapidamente e o rabinho chacoalhava de felicidade. O cãozinho de cruz branca no peito fazia-me morder os dentes de um prazer indescritível de afeto. Apertei-o mais forte e ele, serelepe, lambeu-me a face. Apesar de sentir certo asco, não resisti e deixei que me beijasse. Deprê traduzia-se num apego, num sentimento que não era líquido. Eu podia sentir algo pelo cachorrinho brincalhão e, ao lado dele, esquecia de meus medos e inquietações.
— Lúcio, ainda estou com sede.
O Vampiro sorriu e estendeu o pulso, que tratei logo de morder e apaziguar meu ar sequioso.

domingo, 1 de agosto de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

P 162 - 166


E, num pulo, agarrei-o junto a mim. Era meu, só meu, e de mais ninguém. Apertei o pescoço dele, comprimindo com força até sentir o pomo-de-adão. O coração pulsava acelerado e ele tentava se desvencilhar de meus braços. Em vão. A cada segundo, sem como respirar, se entregava, se submetia às minhas vontades. Caiu de joelhos enquanto eu segurava o pescoço. Soltei-o e foi ao chão, batendo a face de bochechas repletas de manchinhas negras. Segurei os braços dele e o arrastei até a velha cama de casal, envolta por um lençol rosa e com cheiro de mofo. Peguei-o no colo e repousei o corpo adormecido. Caminhei até a porta e trouxe a mulher prenha, colocando-a ao lado do marido desfalecido. Os três estavam sobre meus domínios, inertes, sem reação. Comecei a despir a moça de cabelos encarapinhados. Tirei a camiseta branca e deixei a barriga tesa à mostra. Admirei. Corri os olhos vorazes pelas formas voluptuosas da fêmea prenha e, dragando o cheiro com minhas narinas, conseguia degustar o odor de leite escondido nas mamas. Meus dedos, trêmulos de ansiedade para massagear aquela carne parda, começaram a percorrer a calça jeans surrada, grudada ao corpo toscamente depilado. Desabotoei-a e abri o zíper. A minha vista saltava uma calcinha amarelada, com cheiro de sexo, de fêmea úmida, deliciosamente amedrontada pela situação a que fora submetida. Mordi o pano e, com minhas presas, escorreguei o tecido pelas coxas, deixando a mostra os pelos pubianos, tão mal cortados, que encobriam a vulva. Coloquei minhas mãos nas coxas dela e apertei para sentir toda a carne em vida. Ela estava nua, com a barriga dura, saltada e os mamilos suculentos, esperando meus lábios. Resisti. E voltei minha atenção a Muriel. Vestia uma camisa surrada, na cor azul clara e uma calça jeans com pequenos rasgos. No pé, um tênis maltrapilho encobria a carne mulata que dava sustentação ao andar. Retirei-o e pus-me a desabotoar, lentamente, cada botão da camisa surrada, até revelar o peito com uma rala penugem masculina. Desabotoei o botão do jeans e abaixei o zíper, expondo uma cueca preta, grudada ao membro adormecido. Com a mão, puxei a calça e, em seguida, a cueca. Peguei as peças íntimas de meus animais e as cheirei. Podia degustar as fragrâncias tão diferentes, macho e fêmea, mas ao mesmo tempo tão iguais, igualadas no fedor da pobreza e dos parcos perfumes dos sabonetes baratos. Eles eram meus, só meus. E eu era a criança mais feliz por ter em suas mãos os brinquedos mais divertidos. Meus bonequinhos. Eu sorria, olhava para os dois seres despidos, nus em pelo, exalando o cheiro do sexo, da fome, do medo, da tensão, da ansiedade, do tesão, da química hormonal, dos barulhos orgânicos, do pulsar do coração, do aspirar do pulmão. Da pobreza da favela eu encontrava ali, naqueles corpos, toda a bruteza humana, toda essência mais pura do que era um ser humano destituído do conforto que o dinheiro podia proporcionar. Na pele parda, fruto do caldeirão cultural, da miscigenação das cores, estava ali a história de toda uma classe envolta no manto da pobreza, alimentada pelo arroz, pela farinha de milho, pela sardinha, pelo feijão, pelo tomate, pelo óleo barato, pelo sal acrescido na água não-potável do alimento. E eu, na ânsia de tê-los, de sentí-los, de degustá-los, me deitei no meio deles. E, com o corpo envolto pelo macho, pela fêmea e pela cria, me protegia num mundo só meu: puro, sem máscaras, sem medo do prazer embalado em dor. Arranquei minhas roupas e deixei que o vento fresco da noite roçasse meus pelos pubianos. Deitei-me nos braços de Muriel e esfreguei minha pele contra a dele, na ânsia de aderir o cheiro da pobreza na minha tez sem máculas. O sexo dele, adormecido, roçava minhas coxas macias. E eu jogava minhas mãos, minha língua, minha face pela extensão daquele corpo bruto, exposto ao deleite de meus olhos. Meu projeto humano, meu deleite. Pousei meus olhos nas bochechas salpicadas de negro e as lambi, deslizando minha língua morna e úmida pelas têmporas, pelas orelhas, pelo queixo, pelos filetes de cabelos faciais. O suor, salgado, com odor ácido, queimava minhas papilas gustativas e eu me entregava ao puro prazer de sentir aquele homem adormecido disposto em minha língua. Virei-me e comecei a esfregar minha boca nas axilas com pelos ásperos da fêmea prenha. A transpiração, com sabor levemente sulfúrico, arrepiava meus mamilos e fazia-me contorcer num encantamento único. Abri meus lábios e abocanhei os peitos latejantes, repletos de leite. Desci com a língua pelo vão dos peitos, corri-a pelo canteiro onde se guardava a vida numa bolsa de água e, enfim, repousei no umbigo saltado, arredio, tão pequeno e apertado, feito um botão de margarida. Abri as pernas da fêmea, passeei meu nariz pela vulva e captei toda essência, todo azedume humano, todo odor que se desprendia do sexo febril. Beijei as coxas com pequenas ondulações de celulite e me desgrudei da fêmea. Arregalei meus olhos e pus-me a contemplar a vida embutida na bolsa de água, envolta por pele e placenta, gordura e calor, sangue e oxigênio. Aquela barriga estufada se debatia lentamente. Repousei meus ouvidos nela e pude captar o coraçãozinho acelerado, ouvir as perninhas se mexerem, as mãozinhas chacoalharem o líquido amniótico. Uma vida, uma suculenta vida a caminho do mundo de tristezas. E eu ali, no meio dos três. Macho, fêmea e cria. Pobreza, fedor e prazer. Sentei-me no colo de Muriel e o encarei. Com as coxas em cima dele, inclinei meu corpo alvo sobre a barriga pardacenta, de forma a relar meus peitos nos pelos peitorais daquele homem. Abri meus lábios, posicionei minha boca no pescoço, próximo ao pomo-de-adão e, num gesto lento, cravei meus caninos na pele suada e quente daquele que me ensinara, anos antes, o prazer de me sentir indiferente a tudo. Em golfadas demoradas, eu drenava o sangue bruto de um favelado. Sentia um tesão percorrer minha garganta, meu pescoço, meu estômago, minhas entranhas, minhas artérias, meu coração, meu pulmão, meu cérebro, minhas veias, todos meus órgãos, que latejavam unissonamente num prazer de vida em morte. E, num jorro de prazer, gemi feito um animal no cio, sugando vorazmente o líquido vivificante, até restar um sopro de vida. Larguei a carcaça e parti para minha boneca repleta de sabor. Segurei-a em meus braços, acariciei a cabeça com cabelos encarapinhados, ajeitei-a delicadamente e, após massagear os bicos escuros dos seios saltados e duros, brincar com a barriga estufada e com as coxas tensas, roçar as pontas dos dedos nos pelos negros da vulva quente e úmida, cravei meus dentes na pele áspera da axila da fêmea. Minha língua raspava os poros intumescidos e encravados na tez raspada por lâmina. E, em goles cada vez mais fartos, embebedava-me com a vida da minha boneca suja, pobre, desgraçada. O sangue rufava por meu corpo e meu corpo transmutava-se numa montanha repleta de ecos, gritos, gemidos, vozes, sussurros, orgasmos abafados. Eu sentia a mulher, a fêmea, a esposa, a companheira, o objeto sexual, e, agora, conseguia sentir o gosto da mãe. Num silêncio aterrador, enquanto o sangue deslizava macio por minha garganta, a bolsa rompeu e com ela surgiu o aroma de uma nova vida, que emergia do invólucro protetor. Tirei os lábios da axila e voltei minhas atenções à barriga que latejava. Dali sairia a cria, o fruto do sexo, da união cromossômica entre a fêmea e o macho. Contemplei o momento e, com o corpo nu, com o vento leve roçando minhas costas, ajoelhei-me aos pés da cama, abri as pernas da mulher e apertei a barriga, de forma a forçar a vinda da criatura. Nos meus dedos sentia as ondulações, os chutes, a pequena avezinha tentando eclodir o ovo. Não sabia o que fazer, mas pouco me importava. Simplesmente fui forçando a barriga, delicadamente, apertando, comprimindo, ajudando a natureza seguir seu percurso de vida. Olhei a vagina e ela se abria como uma concha. Vi uma cabeça, coloquei uma de minhas mãos abaixo, de forma a segurar com carinho aquele projeto humano. Apertei a barriga. Forcei a natureza a seguir seu percurso natural. E, após alguns minutos, ouvi o choro eclodir pelo barraco de portas com resquícios de tinta azul. Em meus braços, a criança berrava, abria os olhos, dilatava a pupila, enchia o pulmãozinho de ar. Em meus braços, em meus braços... Eu podia sentir a vida nova, o fruto do sexo, o fruto da união cromossômica do macho e da fêmea. Em minhas mãos, em minhas mãos... Eu embalava a cria, ainda com o cordão umbilical, que a prendia na mãe. Em meus lábios, em meus lábios... Eu mordia o cordão da vida, da alimentação. Em minha boca, em minha boca... Eu degustava o sangue, a nova vida. E, após romper a ligação entre um ser e outro, eu, enfim lambia a criança, feito uma fera que limpa a cria. Não resisti e, numa pequena incisão no pescocinho mole, chupei gotículas do mais puro sangue, da mais nova vida, esculpida em uma pele pardacenta, ralos cabelos e olhos esfumaçados. Repousei a criatura entre o pai e a mãe e os admirei com indiferença. O elo entre os dois era aquele pequenino ser, trazido ao mundo para sofrer. Sofrer num mundo de pobreza, de mazelas, de indiferenças, de máscaras. Sofrer para torna-se bruto, em processo contrário ao da lapidação: a pobreza era isso.
Suspirei e, com o corpo satisfeito do sangue dos três, mordi a ponta de meu dedo. Com meu sangue renovador, fechei as feridas abertas de Muriel, da mulher de cabelo encarapinhado e da cria. Sussurrei ao vento:
— Esqueçam-me e sigam seu percurso. A criança é o elo que os une.
Vesti-me com as roupas amassadas e desapareci na escuridão, deixando a porta com resquícios de tinta azul balançando ao sabor do vento. Voltei para casa e me entreguei ao caixão. Lúcio ainda não havia chegado e, dessa forma, adormeci sem o beijo de boa noite.

domingo, 18 de julho de 2010

Trabalho de formiguinha

Agora que o livro finalmente chegou em casa, tenho alguns metas a alcançar

# Bancar os 30 exemplares que comprei rsrs
# Produzir marcador de livro promocional
# Colocar o livro nas livrarias da região
# Fazer trabalho de formiguinha para divulgação
# Enfim, tentar desovar o livro =)

sábado, 17 de julho de 2010

Chegou!!!

Enquanto tentava montar meu artigo científico sobre a revista Terra da Gente, onde analiso a questão da personalização das reportagens, eis que ouço minha tia me chamar:
- Juliano! Juliano!
Olhei para fora da porta, vi um carro do Sedex. Abri um imenso sorriso. Fui ao encontro de minha tia e vi, em suas mãos, um pacotão: sim, era o que eu imaginava, meus livros tinham chegado.
Rasguei o embrulho pardo, peguei os livros na mão. Senti o cheiro. Observei cada canto vagarosamente. E, finalmente, me toquei: eles estavam ali, impressos diante de mim. Um misto de alegria, ansiedade e euforia se fez presente. O Silêncio das Mariposas finalmente tomava forma no mundo real.

...

Hoje, 17 de julho de 2010, dei meu primeiro autógrafo. Não sei ao certo descrever a sensação, muito menos o que se passou em minha cabeça. Mas confesso: tremi. Tremi de felicidade, alegria, satisfação. Senti aquela sensação de segurar a caneta na mão e, devido a intensidade da situação, não saber o que escrever. Mas saiu, de forma singela e sincera, meu autógrafo, marcado em tinta preta no branco papel.

(Na foto, eu e Tereza Bertália)

terça-feira, 13 de julho de 2010

p 37-39


Dei um grito abafado, sem forças, pois a voz não queria sair de minha garganta. Meu corpo, dolorido, não tinha espaço para se mexer e, nas minhas narinas, pedaços de algodão impediam minha respiração. Ao meu redor, plantas encobriam meu corpo e minhas mãos estavam dispostas junto ao peito. Não havia luz, brisa, espaço: o lugar era apertado, fechado, quente, abafado. Com muito custo e dor, consegui levantar minhas mãos e bati numa tampa fixa. As juntas do meu braço latejavam sem força e todo meu corpo ardia, como se flâmulas me consumissem por dentro. Tirei os algodões do meu nariz e puxei o ar. Um cheiro de crisântemos tomou conta de mim. Em estado de temor, arregalei meus olhos e, no meio da escuridão, conseguia enxergar, com dificuldade, as pontas dos meus pés, que agora se projetavam como vultos. Fechei os olhos e permaneci em silêncio, tentando entender tudo aquilo. Meu coração palpitava cada vez mais forte e sentia sede, uma sede descomunal, mas não era por água, nem outro líquido. Não sabia o que era. Voltei meus olhares ao redor. Um tapete de flores brancas recobria-me e, como se tudo fosse claro, extremamente claro, minhas pupilas podiam entender a escuridão que me consumia. Eu estava num caixão. Meu corpo, antes morto, agora estava vivo. E uma fobia tomou conta de mim. Aquele caixão me asfixiava, me dava náuseas, medo, aflição. As paredes pareciam cada vez mais comprimidas, apertadas, assustadoras. Descontrolei-me e comecei a me debater. Arranhava a tampa de madeira, dava chutes, gritava, me espancava. Minhas unhas deslizavam vorazmente pela tampa seca, repleta de ranhuras e pequenas farpas se soltavam, machucando minha carne. Um cheiro de sangue, tão excitante, se volatizava dentro da urna funerária e deixava-me em estado de delírio. Gritei com todas as forças, mas ninguém me ouvia, ninguém vinha me ajudar, ninguém sabia que meu corpo vivia em morte. A solidão era a única voz ao meu lado, sussurrando, brincando de me assustar. Chorei. Sentia as lágrimas escorrendo por meu rosto, os soluços infantis e medrosos ecoando pelo caixão. O vazio, a tristeza e a agonia tomavam forma e, aos poucos, se transmutavam em mariposas cinzentas, que começavam uma revoada em meu estômago, buscando a liberdade. Tentei me encolher em decúbito dorsal, mas o caixão me impedia. Entrei novamente em pânico e esmurrava a tampa, as laterais e tudo ao redor, em estado de fúria, medo e angústia. Sem entender muito bem o que acontecia, uma força sobre-humana tomou forma em meus músculos e, finalmente, consegui quebrar a tampa do caixão. Coloquei minha cabeça pela fresta e vi que estava numa gaveta funerária, possivelmente, na da minha família. Com a estranha força, consegui quebrar o caixão e empurrei a tampa de concreto que ficava na porta de minha gaveta. Arrastei-me, deixando rastros de sangue devido aos machucados em minhas mãos e finalmente consegui cair num espaço aberto. Lá, coroas e mais coroas de flores amorteceram minha queda e pus-me a chorar. As lágrimas rolavam por minha face e eu me perguntava por que havia feito aquilo e como estavam meus pais. Vi que minhas mãos e os machucados, apesar da dor, estavam se cicatrizando. Mantive-me em silêncio, enquanto lágrimas rolavam por minha face e, assim, adquiri forças e levantei. Olhei na portinhola de bronze que lacrava minha sepultura e vi refletida a luz da lua cheia, tão tênue, bela, que me trazia um instinto animalesco. Arrebentei o portão de bronze e saí do túmulo, caminhando aos tropeções. Meu corpo tinha morrido em vida e nascido em morte. Eu apenas engatinhava para minha nova morte em vida.
Elevei minha cabeça e vi aquela replica de Pietá de Michelangelo, que ficava no túmulo de minha família paterna. Mãe, com o filho morto nos braços, olhando em agonia, dor e desespero. Cerrei meus olhos e lágrimas rolaram. Como estariam meus pais? – perguntei-me novamente. Eles eram a única coisa pela qual tinha consideração. Ao abrir meus olhos, eis que me deparei com o Vampiro que havia ceifado minha vida. Ele estava de pé, ao lado da Virgem, acariciando a face de mármore branco, de mesma tonalidade de sua própria face. Com sua beleza andrógena, me fitou e, com um sorriso diabolicamente encantador, disse-me com sua voz de veludo:
— Agora você é igual a mim.
Antes que eu perguntasse algo, avançou com uma rapidez extraordinária. Envolveu seus braços finos, mas fortes, que me puxaram junto ao seu corpo. Eu podia sentir o coração dele, a respiração, o tilintar das veias sendo irrigadas pela vida vermelha em batidas tão fortes, tão rítmicas, tão sensuais, que meu corpo estremecia de prazer. Um odor de vida brotava-lhe das faces coradas e ele ria, ria, e bailava comigo no chão de basalto branco, iluminado pela lua cheia prateada. Ele sorriu e exibiu seus caninos, alvos e longos, de uma bestialidade inumana, beijou minha testa e disse aos meus ouvidos.
— Beba. Deve estar com fome e eu me saciei por dois.
Ofereceu-me o pulso, como da última vez. Mas ao contrário do que me acontecera na ocasião, assim que toquei meus lábios na pele quente do Vampiro, suguei o sangue vermelho-negro que pulsava com um prazer sem discrição. Minha língua deslizava pelo corte e meu corpo, em riste, roçava todo o corpo andrógino da criatura. Sentia todas as sinuosidades e os cheiros exalados pela fera não-humana. Eu o puxava cada vez mais forte, com ansiedade, tesão, delírio. Queria me fundir ao seu corpo e os gemidos de ambos se confundiam num uníssono de vozes. O sangue, que me deliciava, era o mesmo que fazia sentir a vida percorrendo minhas entranhas e asfixiando as mariposas ansiosas. A vida, em forma de fluído, corava-me a pele pálida e fazia com que eu esquecesse todos os medos que me afligiam. Eu, enfim, podia sentir minha existência brotando em ondas vermelhas, que rebentavam em meus lábios e me alucinavam. Num espasmo, e sem forças para continuar, parei de sugar. Sentia meu corpo irrigado com o bater de meu coração e tudo voltava a se conectar, trazendo-me para a realidade.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Deu no CT

O Blog Criando Testrálios publicou uma matéria sobre o livro. Confira: Clique aqui

quarta-feira, 7 de julho de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

Trecho


E foi após mirar a objetiva numa Colombina e num Pierrô, que reparei naquele ser de beleza andrógena e fascinante, que parecia flutuar entre a massa inerte e descontrolada. Tinha uma delicadeza e uma desenvoltura tão sensuais, feito um anjo pisando por nuvens humanas. Trazia apenas um ramo de flores na orelha. Se todos se escondiam por baixo de máscaras e se emolduravam de faces límpidas e sem máculas, ele era o único realmente com o rosto nu, que deixava transparecer a realidade. No Baile de Máscaras, o seu rosto era a verdade sem mentiras, a beleza sem retoques, a morte com vida. Fitei aquele ser de beleza andrógena e ele fugiu aos meus olhares, como se brincasse de esconde-esconde. Enfiei-me pelo turbilhão de braços, pernas e máscaras; mergulhei com voracidade pelas ondas humanas, que exalavam um hálito de prazer e sensações doces e efêmeras. Mas não conseguia achar aquele rosto sem hipocrisias, sem maquiagens, que vagava delicadamente sobre a grama orvalhada e se dissimulava no meio das máscaras e das fitas de cetim, que rodopiavam com a brisa de julho. Meu estômago enchia-se de mariposas cinzentas e eu começava a ouvir o cãozinho negro e triste, ladrando ao meu lado, me acompanhando em uma busca insana por aquele ser. Fechava os olhos e garimpava, em minha memória fotográfica, aqueles traços firmes, decididos, emoldurados de uma pureza cativante, sedutora, sexual. Abria minhas pálpebras e via as mãos lívidas dele, que se confundiam com a multidão eriçada. Corria meus olhos e as mãos se perdiam, como se acenassem pela última vez, dando um adeus.

domingo, 20 de junho de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Informações

O Silêncio das Mariposas
Editora Multifoco - RJ - 216 páginas
Autor: Juliano Schiavo
Onde adquirir: Multifoco ou diretamente com o autor (com autógrafo e desconto) pelo e-mail jssjuliano@yahoo.com.br

domingo, 16 de maio de 2010

sábado, 8 de maio de 2010

O retrato de uma alma vampira


Vampiros, sangue, sensualidade. Três palavras que se misturam no livro O Silêncio das Mariposas, de Juliano Schiavo (Editora Multifoco, 214 páginas). Para quem gosta de histórias de vampiros, mescladas com ponderações sobre a “vida em morte”, O Silêncio das Mariposas surge no cenário para confundir e, ao mesmo tempo, envolver o leitor. Não há uma grande história. Há apenas relatos. Relatos de uma vida vampira.

Escrito entre janeiro e julho de 2.009, o livro traz em suas páginas uma personagem sem nome e sem sexo, que revela o sofrimento e os prazeres de sua vida em morte. Transformada em vampiro, seus instintos e sensações se aguçam. Os relatos, que parecem ter sido sussurrados, oferecem ao leitor um retrospecto da infância da personagem até o desfecho de sua história.

“Trata-se de uma pessoa que não consegue amar ninguém e apresenta traços de sociopatia. Conquista a todos com seu sorriso, mas não se suporta mais. A vida, para ela, tornou-se um Baile de Máscaras, sendo necessário representar o tempo todo”, explica o autor.

De acordo com Schiavo, o título do livro O Silêncio das Mariposas é uma metáfora. As mariposas representam a ansiedade, pois vivem a se debater no estômago da personagem. Já o silêncio é o que tanto ela almeja: uma busca pelo fim de seu sofrimento tão latente.

“Nos relatos da personagem, há momentos de euforia e outros de depressão. Uma bipolaridade não tão acentuada, mas presente, que molda sua personalidade. A trama tem um tom psicológico, de conflito mental, envolvendo drama, aventura, medo, angústia, prazer, sensualidade e reflexão. E é a partir da transformação vampira que todos esses pontos se unem e fazem com que a personagem, sem nome e sem sexo, relate sua vida e destaque seus sabores e dissabores”.

A inspiração para a história veio de alguns livros. “O que mais me motivou a escrever foi O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger, com seu Holden Caufield – um adolescente em busca de seu eu. Também não posso deixar de destacar o livro O Perfume, de Patrick Süskind, com seu Jean-Baptiste Grenouille, de personalidade sociopática. Para a criação das personagens vampiras, me inspirei em Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, com seu vampiro de Louis Pointe du Lac, que tem característica introspectiva”.

Como adquirir? Clique aqui

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pauta aberta

Questões que respondi a Beatriz Buck para a matéria Quem quer ser escritor?

Como surgiu a ideia de escrever um livro?
Desde adolescente sonhava com a publicação de um livro. Lembro que na oitava série uma professora de português pediu para que escrevêssemos um diário, como forma de melhorarmos nossa escrita. Apesar de ter gostado da ideia, comecei a escrever uma história fantástica, que misturava dragões, aventura, entre outros elementos. Nada muito sério. Mas foi daí que surgiu minha vontade de escrever um livro. Também participei de concursos literários de contos e poesias e obtive algumas colocações interessantes. Ano passado também escrevi um livro-reportagem, em parceria com Analúcia Neves e Lucas Claro, como exigência para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo (quem se interessar em baixá-lo, clique aqui). Acredito que estes estímulos, por mais diminutos que tenham sido, foram importantes para o meu processo de amadurecimento e, consequentemente, estimular um passo maior, ou seja, escrever um livro.

Quanto tempo demorou para escrevê-lo?
A ideia começou a ser formatada no final de dezembro. Mas só comecei a colocá-la no Word no dia 02/01/2009. Terminei de escrevê-lo, sem nenhuma revisão, no dia 29/05/09. Foi um processo complicado. Apesar de escrever por prazer, como uma espécie de hobby, já que não tenho como ofício ser escritor, acabei por entrar numa espécie de “depressão oriunda da criação”. Tive que entrar no universo da personagem, criar uma espécie de “personalidade sociopata”, enfim, mergulhar num mundo obscuro. Para dar realismo em certos aspectos, busquei elementos do meu conhecimento, mas também tive que fazer um enorme esforço para criar uma personagem com vida própria, personalidade própria, desejos próprios.

Sobre o que se trata o livro?
O livro trata de relatos de uma personagem vampira sem nome e sem sexo, que revela o sofrimento e os prazeres de sua vida em morte. Ela conta detalhes de sua vida, fazendo um retrospecto de sua infância até o presente momento. Trata-se de uma pessoa consternada, que não consegue amar ninguém e apresenta traços de sociopatia. Conquista a todos com seu sorriso, mas não se suporta mais. A vida, para ela, tornou-se um Baile de Máscaras, sendo necessário representar o tempo todo. É um livro para um público mais adulto (devido a intensidade da história) e que gosta de fantasia (vampiros).

Qual editora?
É a editora Multifoco,do Rio de Janeiro, que trabalha com a publicação de novos autores.

Você pretende seguir, de alguma forma, a carreira literária?
Se tudo der certo, quem sabe? Adoro escrever, criar, ambientar histórias. Se tiver a oportunidade, força de vontade (nada cai do céu) e coragem, quero seguir sim.

Qual a maior dificuldade que você enfrentou para produzir o livro?
São várias as dificuldades, a começar pela necessidade de “doar” seu tempo para a produção do livro. Isso demanda paciência, estressa, tira o tempo de ócio. É uma atividade cerebral, que demanda energia também. Outra dificuldade é enfrentar o medo do “impacto”, saber como a obra será recebida, o que as pessoas vão pensar. Temos que ter coragem para expor uma produção nossa, ainda mais quando temos certa “timidez” – sempre há um receio, uma ansiedade. Coisa normal. Também não posso esquecer de salientar a dificuldade de publicação. Procurei algumas editoras para apresentar o original, mas é complicado, pois é um mercado fechado. Eu entendo o processo e já sabia das dificuldades quando comecei a escrever. É difícil arriscar grana numa pessoa que está começando, engatinhando e não tem o nome fortalecido. Mas felizmente encontrei, a editora Multifoco e, particularmente, Frodo Oliveira, que gostou do meu original e me convidou a integrar o catálogo de novos autores da editora.


O que você pretende com o livro?
A princípio, concretizar meu sonho de ter um livro impresso. É uma vontade que carregava há muito tempo. Também, de certa maneira, é uma forma de incrementar o currículo profissional.

Teaser do livro